Porto Tasty: Entrevista: Carlos Santiago, o melhor bartender de 2017

Entrevista: Carlos Santiago, o melhor bartender de 2017

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Carlos Santiago, bartender e um dos fundadores do The Royal Cocktail Club, foi o vencedor da competição da World Class, que elegeu o melhor bartender do ano. 

Com a final da World Class a nível mundial aí à porta, Santiago recebeu o Porto Tasty no The Royal, o seu novo projeto.

Porto Tasty: Tendo em conta que és formado em Ciências da Comunicação, qual foi a razão pela qual te tornaste bartender?
Carlos SantiagoFoi um acidente. Eu fiquei sem trabalho, em 2010, na área de formação académica, e depois isto surgiu como complemento a um hobby. Fiz as primeiras formações, adquiri algum gosto e depois surgiu uma proposta de trabalho. Comecei na área desta forma, no Pub Bonaparte, na Foz. Entretanto, foi um conjunto de formações, competições, etc., até que chegamos ao ponto de hoje, em que isto acaba por ser a minha carreira a 100 por cento.

Porto Tasty: Como consideras que está o mundo da cocktelaria no Porto?
CS: A começar. Estamos num estado em que estamos a crescer, mas ainda estamos um bocadinho numa fase embrionária. O nosso bar, neste momento, acaba por ser talvez o primeiro bar dedicado única e exclusivamente à cocktelaria, na cidade. Estamos a fazer, na minha opinião, um bom trabalho. Estamos a dar a conhecer os cocktails às pessoas, em especial aos portugueses e habitantes do Porto. Acho  que com um caminho pausado vamos chegar ao nível em que está Lisboa e o Algarve, falando de Portugal.

PT: Como se iniciou o projecto do The Royal Cocktail Club?
CS: O The Royal Cocktail Club já está previsto há dois anos. Desde Setembro do ano passado, eu, o Daniel Carvalho e a Tatiana Cardoso iniciámos a construção do menu que iria ser do The Royal Cocktail Club. Temos vindo a trabalhar desde Setembro na carta. Entretanto, em Dezembro, inícios de Janeiro, juntou-se o José Mendes, que foi o ultimo membro a entrar na equipa . A partir daí, desenhámos tudo o que seria componente do The Royal. O espaço em si tem a assinatura do Miguel Camões que é o nosso líder. Tudo isto foi idealizado por ele, nós simplesmente completámos com a parte dos cocktails.

PT: No que se diferencia, para ti, fazer um cocktail para um menu de fazer um cocktail para uma competição?
CS: Um cocktail num menu tem de ser fácil de fazer, de preparar, não deixando de ser complexo a nivel de sabor e tem de estar adaptado à tua realidade. Não podes ter um cocktail que demora 15 minutos a preparar quando tens uma casa cheia. Quando falamos de cocktails de competições, fazemos uma apresentação mais elaborada, ingredientes mais rebuscados. É como no Masterchef: não é possível recriar aquilo num restaurante, mas numa competição funciona porque tem um efeito 'Uou!'.


PT: Quais são as tuas inspirações quando crias um cocktail?
CS: Acho que essas inspirações acabam por ser um bocado transversais. Pode ser um livro, um cheiro, uma historia, uma vivência, alguém que te acompanha no teu dia-a-dia. No meu caso, a minha namorada é um grande ponto de inspiração meu. Ela está sempre presente ao meu lado e acaba por ser uma forma de me ajudar e guiar muitas vezes, em alguns temas. Todas as experiências que tu passas acabam por ser uma boa inspiração, é muito pessoal.

PT: Como te sentes por seres o melhor bartender do ano?
CS: Feliz acima de tudo, mas com uma responsabilidade grande às costas. Dia 19 vou para o México, para a final global da World Class, e aí acabo por levar a bandeira de Portugal e a responsabilidade de nos representar da melhor forma. É um grande orgulho, uma vontade de fazer uma coisa bem-feita e pôr Portugal talvez a ser falado um bocadinho lá fora.

PT: De onde surgiu a inspiração para os cocktails com que venceste a competição?
CS: A minha inspiração foi tentar sempre ligar Portugal ao México. Liguei-me à cidade do Porto, utilizei o vinho do Porto. Os dois cocktails tinham nomes maias, fui buscar inspiração à parte mexicana. O aperitivo tinha o significado de mérito, Nahil. Mérito meu de ter chegado à final e dos meus companheiros que também chegaram. O segundo chamava-se Yatsil, que significa pessoa amada, inspirado na minha namorada. Foi como um tributo a ela.

PT: Projetos e objetivos para o futuro?
CS: Já estou no meu projeto principal. Objetivos são crescer o máximo que possa e num futuro próximo gostava de ter o meu próprio espaço. Acho que é um desejo transversal a quase todos os barmens, conseguir criar o nosso espaço e pôr lá a nossa identidade. Os projetos passam por fazer crescer o The Royal, é esse o projeto tanto meu como do resto da equipa. Viver o momento, um dia de cada vez, tentar usufruir o máximo da final mundial, e depois logo se verá.



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